Primeiro, um comentário sobre a última pesquisa cujos resultados estão apresentados na própria pesquisa. A maioria optou pela mobilização das pessoas. O item mais votado foi a mobilização através de ONGs. Durante a semana, mudei de opinião (mas não o voto) passando a achar que o essencial para a transição é a mobilização das pessoas, “punto e basta”. A ação através de ONGs é apenas uma das formas da mobilização. O bem sucedido movimento “Ficha Limpa”, parece-me, confirma isto.
Agora sim, apresento minha explicação da discordância aos principais conceitos sintetizados no termo consumismo.
Relembrando, a noção de consumismo tem pelo menos 3 aspectos importantes. Afirma a significância do consumo “desenfreado”, supérfluo ou “desnecessário”. Imagina que os desejos humanos são limitados. E, por fim, critica a comparação com os outros e o “status” que se pretende adquirir pelo consumo como fator importante de decisão.
A noção engloba dois ângulos. Um, o do individuo consumista. Outro, o da sociedade consumista. Noto que a argumentação a seguir refere-se ao primeiro. Em novo post, mais adiante, abordarei o outro.
Considero inicialmente que a melhor forma para abordar o consumo “desenfreado”, supérfluo ou “desnecessário” e o quanto estes pesam no consumo em geral é tratar da utilidade dos bens consumidos.
A utilidade, por sua vez, está intimamente ligada ao desejo das pessoas por bens, que é obviamente limitado por um lado, pela possibilidade econômica e por outro, pelas restrições sociais. É dentro deste espaço que os desejos de consumo na sociedade atual são manipulados pelos agentes econômicos tentando ao máximo induzir as pessoas a ampliarem o que consomem.
O desejo por bens, é claro, se manifesta em todos os extratos sociais. Os mais pobres são obrigados a limitar fortemente o seu atendimento. A classe média, à medida que sua renda aumenta consegue ampliar o atendimento de seus desejos. E a classe alta, tem um leque ainda maior de vontades atendidas.
Isto dito, surgem duas questão básicas em relação à utilidade. Uma, se os agentes econômicos, via de regra, provocam o consumo que, de outra forma, não ocorreria? Outra, se é válido desqualificar o desejos das pessoas e desta forma negar a utilidade do que é ofertado?
Termino minha explicação no próximo post. Até lá deixo-os com a pesquisa desta semana sobre uma de tais questões.
2 de fevereiro de 2011 às 14:41 pm
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