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“Somente bem mais recentemente, com o modo de produção capitalista, é que o trabalho remunerado se impôs como relação dominante na produção dos bens e serviços seja para consumo seja para investimento.”
Trabalho não remunerado – Parte 2.
Soa como uma contradição, tal a crença que se formou que trabalho e remuneração andam juntos.
Mas não. Basta relembrar que outros tipos além do remunerado ocorreram com maior ou menor intensidade ao longo da história, dentre eles o trabalhos isolado, cooperativo, coletivo, não remunerado, escravo e feudal. Uma ou mais destas formas de trabalho e de sua apropriação parcial ou total por terceiros foram dominantes em cada época. Algumas, se mantém até hoje.
“Apesar das evidências, pode-se imaginar um certo irrealismo ao crer que seja possível existir trabalho não remunerado, tal o peso da crença que se cristalizou de que o que motiva o ser humano é o ganho material e o que o obriga a trabalhar é a necessidade de sobrevivência.”
Trabalho não remunerado – Parte 1.
As dúvidas que enumerei no último post serão respondidas ao longo dos próximos posts e também em post específico ao final daqueles, consolidando as respostas.
Bem, como dito no penúltimo post, o trabalho doado ou não remunerado por decisão própria é a base da economia dual à de mercado e está em expansão ao contrário do trabalho remunerado que declina.
O trabalho não remunerado sempre existiu, e de forma expressiva. A produção de bens e serviços para o consumo familiar, o serviço doméstico, o estudo, treinamento e aprimoramento formais e informais, uma parte substancial da criação artística e científica, a atividade altruísta e a participação quando não remunerada e compulsória em guerras, conquistas, lutas sociais e de reconstrução após catástrofes e guerras são historicamente os exemplos mais interessantes. É a sua presença que, em boa parte, explica o surgimento e o progresso das civilizações.
Mais recentemente, a ação voluntária e a produção de informação digital destacaram-se e tornaram ainda maior e crescente a importância do trabalho não remunerado.
O post desta semana é dedicado a instigar o leitor a analisar e comentar alguns dos aspectos da economia dual apresentados no último. Faço isto através de perguntas:
“Antes de mais nada vem a pergunta: será mesmo importante o trabalho exercido sem fins remunerativos? Muito. Muito mais do que se possa imaginar à primeira vista.”
A economia dual – Parte 1.
Nem o mais insensível daqueles que possuem a famosa “voracidade animal” ou dos que pensam em seu favor consegue negar que o que gera valor é o trabalho humano. Curiosamente, apenas uma parcela deste trabalho é considerada, o que me levou a afirmar, no último post que reconhecer a importância crescente do trabalho sem fins remunerativos sugeria a existência de dois mundos, o da troca no mercado e o da doação, esquematicamente representados na figura 1, acima.