photo © 2009 Otávio Nogueira | more info (via: Wylio)
“A descarbonização da economia mundial é uma certeza”. Esta simples e decisiva afirmativa me parece o fio condutor do capitulo A Sustentabilidade do Brasil, escrito por Sérgio Besserman Vianna, José Eli da Veiga e Sérgio Abranches.
“A velocidade com que as decisões necessárias serão tomadas no plano global e nas economias nacionais (se nos próximos 10 anos ou depois)” é decisiva, segundo os autores. Em função dela eles analisam 3 cenários globais: um, “Protecionismo e fragmentação”, outro, “Business as usual” e o último, “Descarbonização”. E ressaltam que esse último cenário só é viável no contexto de um patamar superior de governança global. No plano nacional criam 3 cenários que se desdobram do plano global: “Protecionismo”, “Business as usual”, e “Baixo Teor de Carbono”.
Além de uma detalhada descrição destes cenários o capitulo traz uma excelente descrição da catástrofe climática que embasa a visão da insustentabilidade, procurando mostrar que “a economia, na sua forma atual, aproxima-se dos limites com que o planeta pode arcar”, e apresenta um “modelo brasileiro de baixo teor de carbono” com foco em três aspectos: Energia, o desafio da Amazônia e logística pobre e insustentável.
Ocorre que, apesar de claro que tanto para o mundo quanto para o Brasil o último cenário é imperioso já para os próximos 10 anos e que o Brasil tem nele importantes vantagens comparativas, a própria afirmativa de que a questão é essencialmente política indica que o primeiro cenário já está decidido tanto para o mundo quanto para o Brasil. Os países desenvolvidos optaram claramente pelo 2º cenário mas ao fazerem tal opção isoladamente, o conjunto é levado ao 1º cenário. E o Brasil não tem tradição, força nem organização política para sair sozinho desta armadilha. Conforme citação apresentada em post anterior, somente a crise, e pelo visto quando ficar evidente e grave é que levará à mudança, e aí, no contexto mais amplo da Nova Economia.
Complemento este comentário, com uma referência a 2 trabalhos do professor José Eli da Veiga. Num, “O fundamento central da Economia Ecológica”, em conjunto com Andrei Cechin, aborda em termos teóricos a chamada economia ecológica para a qual “existe uma escala ótima além da qual o aumento físico do subsistema econômico passa a custar mais do que o benefício que pode trazer ao bem estar da humanidade”. Em outro artigo, “Pegada ecológica x “economia verde” ele mostra de forma ainda mais aguda a corrente insustentabilidade e a inviabilidade de uma solução através do chamado “crescimento verde”.
Vale mencionar que O professor José Eli mantém uma lista de e-mails, para fazer parte da qual basta inscrever-se, que usa para transmitir diariamente informações sobre os principais acontecimentos em sua área de interesse. Foi através deste informe, aliás, que tomei contato pela 1ª vez com o movimento pela Nova Economia.