Uma rede destruída e uma coalizão fracassada. Tudo, de uma só vez.

(Access here the English version)

“Fiquei bastante apreensivo ao verificar que um trecho de seu e-mail “A triste verdade é …” atesta que o anúncio da fusão foi uma peça de falso marketing. … Obviamente, forçar a saída do NEI fez também parte da história não contada do real fusão.”

Parte 2 de 3, sobre a “renúncia” de Bob Massie.

O post de hoje transcreve e-mails que explicam bem parte da crise causada pela tentativa de formar uma coalizão. Eles podem ser sintetizados pela fórmula: NEI (Institute) + NEN (Network) = NEC (Coalition) = nada.

Na terça-feira, 11 de marco de 2014 eu escrevi para membros do conselho da NEN – New Economy Network, Sarah Stranahan, Gus Speth e Keith Harrington:

“Prezados ex-membros do conselho da NEN, Sarah, Gus e Keith,
Este é apenas para informar que a minha adesão individual à NEN foi cancelada. A razão é absurda e descrita no e-mail transcrito ao final.
Aproveito a ocasião para perguntar que tipo de coalizão é esta que usa uma fusão para destruir e se livrar das organizações originais ao invés de promover, priorizando, acima de tudo, as linhas de trabalho que vinham sendo implementadas?
E também, a NEC pretende ser a líder de um movimento ou um ponto de referência onde as diferentes iniciativas e resultados são informados, incentivados e fortalecidos?
Finalmente, vocês tem certeza que esta estratégia de “motivar estudantes” (?) é positiva, ética e legal? Parece uma tentativa ingenua inspirada pela luta durante a Guerra do Vietnã, que, por sinal, testemunhei em Stanford. “

No mesmo dia, recebi uma resposta de Sarah que foi diretora executiva da NEN e na fusão tornou-se membro do conselho da New Economy Coalition – NEC:

“Como coordenadora e fundadora da NEN, eu posso entender seu aborrecimento e decepção ao ter negada a filiação à NEC. A triste verdade é que a NEN não era uma organização viável – não tínhamos o pessoal ou recursos financeiros para continuar nosso trabalho. A fusão com o NEI foi uma forma pragmática para continuar e expandir a função, crítica, da rede.
Como membro do conselho da NEC, eu sei que a questão das participações individuais foi cuidadosamente considerada. Há duas razões par o modelo ter mudado: o movimento por uma nova economia e o número de organizações neste espaço estão crescendo rapidamente, de modo que interligar as organizações é uma prioridade. Em segundo lugar, o processo de aceitação e manutenção das relações dos membros individuais é demorado e caro.
Ao invés de protestar contra as restrições de tempo e custo de gerenciamento de uma rede, não haverá uma maneira criativa para você se envolver? Talvez, iniciar ou participar de uma organização, ou juntar outros indivíduos em uma “associação de colaboradores por uma nova economia” que poderiam aderir à rede?
Obrigada por toda a sua energia e contribuição.”

No dia seguinte enviei meus comentários para Sarah pedindo-lhe para compartilhá-los com os outros membros do conselho da NEC:

“Obrigado por sua resposta.
Você poderá achar interessante saber que o meu segundo post, há mais de 3 anos atrás, foi sobre uma palestra de Gus Speth: “Um novo ambientalismo americano e a Nova Economia”, sobre a importância de superar as diferenças e trabalhar juntos. Este deveria ser um guia para a coalizão. Se for, todos vocês deveriam (e vão, devo dizer) entender que é uma impossibilidade tentar encontrar pontos comuns entre organizações e, ao mesmo tempo, executar parte do trabalho (menos ainda, ser o líder). E, o que é pior, tentar implementar uma estratégia de “incentivar estudantes” errada e ingenua.
Fiquei bastante apreensivo ao verificar que um trecho de seu e-mail “A triste verdade é …” atesta que o anúncio da fusão foi uma peça de falso marketing. Acreditando em seus termos escrevi um post especial sobre ela. Agora, vou ter que, de alguma forma, informar o que realmente aconteceu. Obviamente, forçar a saída do NEI fez também parte da história não contada do real fusão.
Eu entendo que você também tem suas dúvidas. Seu e-mail confirma, a meu ver, a resposta que está implícita na primeira pergunta que eu fiz, e não apresenta respostas para as outras duas perguntas.
Analisei também sua sugestão, embora pudesse ver alguma ironia nela insinuando que eu estou perdendo meu tempo contra uma organização que gerencia uma rede. Quem sabe não há ainda uma chance de acordar e numa mudança de 180 graus realmente priorizar a rede em vez de um movimento de massas? O blog que eu mantenho desde outubro de 2010 tem sido uma experiência maravilhosa. As pessoas querem saber mais e serem informadas sobre a Nova Economia. Isso, eu acho, é a razão para a boa audiência. O blog requer muito trabalho e todas as minhas iniciativas precisam estar relacionadas a ele. Neste exato momento eu estou publicando uma versão em Português de um boletim da Nova Economia publicado nos EUA e testando a rede da AWTW buscando um substituto para a da NEN.
A ideia de formalizar algum tipo de união democrática de iniciativas brasileiras vem com frequência à minha mente, mas, por enquanto, só pude manter contato com algumas delas e também trocar ideias através de listas de discussão
Bem, neste ponto eu entendo que não há nenhuma vantagem em continuar argumentando. Cabe é aguardar e ver como as coisas evoluem.
Se você acredita que este e-mail possa ser útil, por favor compartilhe-o com os outros membros do conselho da NEC.”

O e-mail que recebi de Mike Sandmel, gerente da NEC para a organização da coalizão, em resposta ao meu e-mail para Bob Massie, Eli Feghali e Filippo Ravalico pedindo-lhes para honrar a minha filiação à NEN, foi:

“A NEC não tem atualmente uma categoria para a adesão individual. No entanto, existem muitas maneiras para indivíduos se envolverem. Algumas das mais fáceis são por meio de nosso programa “Sustainers” a ser lançados brevemente, ou participando de nossa próxima conferência “CommonBound – Moving Together For A New Economy”, de 6 a 9 junho em Boston.”

Nota: Liberei o conteúdo dos e-mails acima, porque eles são respostas oficiais e, como tal, públicos.

(Continua na próxima 4ª feira)

Uma resposta to “Uma rede destruída e uma coalizão fracassada. Tudo, de uma só vez.”

  1. Christopher Says:

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